Sunday, December 3, 2006

A mãe

A mãe. O tema mais badalado da adolescência. Não, não vou falar da vossa mãe. Vou falar da minha e do que se passou ainda agora. Pode ser que ajude nalguma coisa.

Ainda agora tive uma discussao com a minha mãe. Daquelas frequentes, que eu tenho de cinco em cinco minutos. Mas sem tirar nem por. A verdade é que eu já não sou uma pessoa paciente, mas a minha mãe tira-me do sério. Fico completamente fora de mim, e já atingiu proporções tais que basta ela falar para eu ficar com o sistema avariado. De qualquer maneira, o que se passa é que a minha mãe tem o hábito de meter o bedelho em tudo o que é meu. Tenho quase dezasseis anos e ela não é capaz de me deixar em paz, seja no que for. O que aconteceu desta vez foi uma coisa do género: a minha mãe agarrou-se ao meu recém-feito relatório de química para 'o corrigir'. O que acontece é que eu fico danada quando corrigem uma coisa, seja o mais pequeno pormenor ou um erro gigante, numtrabalho que eu acabei de fazer e acho que está bem feito. O professor tem o direito de o fazer e é por isso que ali está. Mas a minha mãe, pá... com o devido respeito, ninguém lhe pediu ajuda.
Eu, como boa moça que sou (e desta vez nem sequer gritei) disse-lhe: «Mãe, não quero que vejas o meu relatório», cerca de cinco vezes. A minha mãe viu na mesma. O que fiz eu? Zanguei-me. Mas sempre sem gritar! Disse-lhe: «Mãe, não pode ser. Fazes ouvidos moucos do que eu te digo. Eu peço-te que me deixes ir dormir à hora que eu quero, que não vejas os meus trabalhos, que não andes a bisbilhotar os meus cadernos, que me deixes em paz. E o que é que tu fazes? Não queres sabes. É que não queres saber, mesmo». Sabem o que é que ela respondeu? «Marta, mas tu já te vestes sozinha.» E não estava a gozar. Fiquei perplexa. Mas é que fiquei mesmo. E disse-lhe: «Mãe, não sei argumentar contigo. Eu só queria fazer o que fazem todas as pessoas com 10 anos. Mas lamento se não sabes tomar conta de uma filha. Não estragues depois as vidas aos teus netos, também». «Escolheste este dia para me chatear? Hoje que estão cá as tuas tias? Foi? É por isso?» «Há sempre qualquer coisa, mãe, não há? És tão frágil. Continua a fazer orelhas moucas daquilo que eu te digo. Mas não esperes que te respeite se tu não me respeitas a mim.»
E vim-me embora. Deveras amargo, mas a minha relação com a minha mãe consiste nisto.
B, não é desesperante?

No comments: